2.7.09

"Silencio, no hay banda. É tudo uma ilusão."

As palavras dizem: "silêncio".
Silêncio. E silencio. Calmamente, fico quieta. No aguardo de um som, um som que diga: segue. Vai adiante, toma tuas palavras roubadas. Retoma. Tomar de novo aquilo que foi retirado. Engolir novas palavras e falar de outro jeito. Mas o som insiste: silêncio. Silêncio. Silêncio. Um mantra se instaura em meu ser e fico em estado de latência, tentativa de ouvir as palavras. "Silencio. No hay banda". David Lynch. Um convite à pausa necessária. Repouso da mente inquieta, louca, atada. Um convite a simplesmente olhar a vida sem julgamentos, um convite de alguém que cansou de falar, de brigar. De quem lutou contra as ondas do mar. Entrega. Deriva. Devir. O acontecimento que surpreende. Prende. Prende a gente naquele momento, nos faz parar o insano movimento circular. Inconsciente que emerge. Vem à tona. O lugar vazio. Contemplar o absurdo som ensurdecedor do silêncio. Forço uma resposta das palavras. Nada acontece. A tentativa de me aquietar. Deixar a vida me guiar. Aprender sem necessidade de tudo explicar. Racionalizar. Necessidade de seguir as emoções, o caminho da intuição. O coração. Então fico em silêncio. Cansei de lutar. Silêncio.
Imagem: Vincent Van Gogh, Noite de estrelas. 1889.
Excerto: Citação do Filme Cidade dos sonhos, David Lynch.

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