16.8.11


É engraçado que tem vezes que eu gostaria de escrever, de dizer aos quatros ventos meus sentimentos, mas ao mesmo tempo, talvez por medo da repressão, da minha própria repressão interna, eu calo. Calo os sentimentos de solidão que pulsam cá dentro. Sem vontade de me misturar, escolho estar só. Não quero ao menos mostrar minha face. Estou na caverna escura de minha alma, como se tivesse regressado ao útero da Mãe Terra. Sinto-me segura debaixo da terra. Muito segura. É úmido, escuro e quente, às vezes frio também. Mas aqui ninguém me vê. Sinto-me segura. O sentimento de segurança é pleno. Nunca antes sentido. Parece que aqui, eu posso ser o que eu quiser, afinal ninguém me vê. Nem mesmo os outros seres que aqui vivem. Todos nós estamos no escuro e permeados pela terra. Como é bom sentir a firmeza da terra! Sinto-me firme. Firme como ela. Como água, moldo-me ao jarro, ao pote, ao vaso fúnebre do submundo, repouso debaixo da terra. Aqui, meu corpo assume a forma que quer e sinto-me nutrida. Sinto como se estivesse recarregando as energias para sair folha, flor, semente. Cá dentro reinvento o mundo, não sou broto, sou semente. Sou apenas promessa, esperança, o futuro que um dia virá. Enquanto não vem, sigo cá dentro, acalentada, no escuro de minh'alma, pela Mãe Terra.

14.8.11

E quem cuida de mim?