9.2.10



Uma tristeza toma conta de mim. É curioso sentir essa tristeza em meio a um sentimento de grande paz e sintonia com o universo. Sou a própria antítese, a personificação do barroco. É como se sentisse o sentimento do mundo e essa tristeza toda é uma simples compaixão por uma gente que chora. Sinto-me aberta, em intensa conexão com o universo e posso sentir a tua dor. Posso sentir o que tu sentes. Respiro o mesmo ar, transpiro o mesmo suor. Sinto a morte, é um processo de morrer esse. Não existe mais ego. Sou a árvore e sua seiva corre por minhas veias latentes. Sugo a água da Mãe Terra e me sinto nutrida. Passáros vem comer meus frutos e sinto que posso voar. Voo longe com eles e sinto o vento passar. Luto contra a brisa para poder chegar ao meu destino, dou de comer ao meu filho. E já não sou pássaro, sou minhoca, sou o ovo, a história, o olhar de quem admira a perfeição da vida. Sou humano. Sou bicho. Sou planta, pedra, terra, água, fogo e ar. Sou o círculo, o quinto elemento. A união de todas as coisas. A perfeição. E tu também és. Vê como és belo e perfeito. Sou teu espelho e te dou a mão para podermos seguir juntos. Não estás só, estou ao teu lado. Não estamos sós, estão ao nosso lado. Como se sentir só em meio a tantos e tantos seres partilhando a vida conosco?
Uma tristeza toma conta de mim. Talvez porque ainda não vejas a beleza que há em tudo e fico triste por estares assim. Abre teus olhos e enxerga a perfeição da vida.