8.7.09



Quem? Porque mesmo estou aqui? Será que tudo isso faz sentido? Ando fora, ando em borderline. Entre abismo. Não sei onde estou. Uma neblina toma conta de mim. Não enxergo. Netuno inundou minha terra e me sinto num mar de lama. Sou o Ulisses que quer voltar para casa. Busco Penélope em todos os cantos. E nenhuma das mulheres é ela. Iludido. Expectativas, anseios, desejos. Luto contra a força do mar, creio poder navegar sozinho. As ondas aumentam e me sinto extremamente frágil. Todo orgulho se vai. Estou humilhado, cansado, derrotado e com vontade de chorar. O que querem de mim, os Deuses? Quero, apenas retornar ao lar. Ítaca. Não importam mais as batalhas, as lutas ganhas. Isso já não faz mais sentido. E afinal o que faz sentido? Não posso mais fingir que não me abalo com coisas pequenas. Elas machucam, sim. Como posso dar voltas no mar? Quando penso estar perto de casa, me dou conta que estou mais distante. E já se passaram cinco anos que desapareci em meio às águas. Estou perdido. Perdido de mim mesmo. Não sei onde se encontra o fim da meada, o fio que tece a vida, o destino, o que fazem as três moiras? Bebi a águar de Leter e tudo esqueci, já não sei meu nome, para onde devo ir. Vago pela cidade. Vagabundos. Deixei um lugar vago não sei onde. Será que já foi ocupado? Será que esqueceram de mim. Eu esqueci de mim. Existo porque ainda sinto. Ainda choro por um passado que não sei quando foi. Parace que escrever me ajuda a dar sentido a tudo isso. Sei escrever. Fui um homem letrado? Nada sei. Quem me lê? Não vejo a hora de Netuno me deixar em paz. O que quer de mim, Senhor dos mares? O que preciso entender? Por que não sois claro e direto como fogo, porque vos encondeis n'água? Tudo parece tão rarefeito, liquefeito. Nada sinto. Estou sedado. Vejo tudo fora de foco. Forte miopia-neblina. Minhas lágrimas atrapalham minha visão clara e não consigo parar de chorar. Soluços vem e vão. Diafragma. Falta de ar. Sou um pássaro preso no mar. A água me sufoca. Preciso emergir. Sereias, feiticeiras dos mares. Cantos que me desviam da rota. Que rota? Não encontro mais meu norte. A última tempestade levou minha bússola para o mar. Nado e nado dentro do mar. E nada consigo encontrar. Encontro outros seres, outras cores que me fazem desviar. Remos? Velas? Também não os tenho. Novamente estou à deriva. Devo aprender a navegar. Ando fora.

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