2.5.11

O outro e eu


Urano, Júpiter, Marte, Mercúrio, Vênus em Áries e Saturno em Libra. Saturno faz franca e declarada oposição a esse povo todo, trazendo a necessidade de se olhar para o outro, de se perceber que existe vida lá fora além do próprio umbigo, que o eu se constrói na relação com o tu e só existe por causa dessa relação. Hoje de manhã, li várias opiniões a respeito de um evento que aconteceu sexta-feira em Porto Alegre, e que gerou alguns desentimentos, irritações entre as pessoas. O texto era um relato do fato, do ponto de vista de um participante, e vários comentários seguiram-se sobre quem estava certo ou errado, discussões, ponderações, críticas, sugestões... O que ficou para mim de tudo o que li naquele blog foi: ainda não sabemos respeitar as opiniões e o modo de vida do outro e queremos impor nossa vontade pela força, pela a autoimportância que damos a nós mesmos. Seja qual for o motivo, nem mesmo o amor deve ser imposto, afinal é um sentimento que não combina com imposição. E Saturno em Libra fala de relação, que pode vir a ser amorosa, depende de nós. Libra nos mostra essa necessidade de respeito ao outro, mesmo que nosso ponto de vista seja diametralmente oposto. E Saturno em Libra é a necessidade de ser fazer esse exercício, de descentrar-se e honrar o sagrado ponto de vista alheio. Exercício de alteridade. Será que é possível? Uma relação só é possível na medida em que há equilíbrio, em que há a possibilidade de consideração, de olhar para o outro; não havendo isso, ela não existe, porque toda relação pressupõe a existência de dois, pelo menos.
Outra questão que me chamou a atenção hoje pela manhã foi a notícia de que Bin Laden está morto, a qual vem junto com festejos da dita civilização. Falam em vitória da democracia. Que democracia é essa que não respeita a existência da diferença? Essas pessoas que vibram a morte de um homem são as mesmas que gostam de ser politicamente corretas e falar em inclusão escolar, em respeito à diversidade e que indignam-se com o atirador da escola do Rio de Janeiro. Quando na história da humanidade a morte de um terrorista, de um líder de uma seita ou seja lá o que for representou a vitória da paz? As pessoas vivem o mito da luta do bem contra o mal diariamente e gostam de acreditar que mantando Bin Laden farão reinar a paz, estão seguras novamente, mas se esquecem de que geralmente no fim dos contos de fadas, o vilão sempre diz: "eu voltarei". E sim, voltará. Enquanto não conseguirmos acolher nossa própria sombra, nosso próprio mal e projetarmos no outro, ele voltará para mostrar que existe em nós e persistirá até que entendamos que, sim, ele faz parte de nós e merece ser convidado para participar da festa. Enquanto tratarmos as vozes dissonantes que abalam nosso status quo como "eixo do mal" ou coisa do tipo, ficará difícil estabelecer a paz.  
Então, mais do que nunca, esse é momento de nos perguntarmos como estamos nos relacionando com o outro. Com o outro ser humano, com o outro ser animal, vegetal, mineral, com o planeta. Ecologia é a relação com o todo. De que forma estamos nos relacionando com o mundo? Tenho repensado isso na minha vida. Não adianta nada ser vegetariana, lutar pela natureza, por uma relação mais respeitosa e amorosa com o planeta, se, quando falo com as pessoas, não tenho a menor consideração. Não quero mais relações capengas, onde um é mais que o outro, onde se estabelecem jogos de poder, isso não se trata só da relação a dois, mas também da relação entre amigos, de trabalho, do mundo, de países que se acreditam melhores do que outros por serem "democratas", por encherem a boca para dizer: "temos liberdade de expressão". É? Onde? Onde estão as vozes das minorias? Quem as escuta?
No fim, somos todos iguais em nossas diferenças, do pó viemos e para o pó voltaremos. Assim, vamos tratar de tornar nosso momento aqui na Terra mais agradável, mais ético, justo e com relações de gentileza, consideração e respeito. Respeito é uma palavra perfeita para Saturno em Libra, como fala Vanessa Tuleski. Trabalhar o respeito em nossas vidas é a necessidade do momento, olhando para si e para o outro com a mesma medida, com a mesma balança. Sem imposições. Que a urgência da diferença se faça.


3 comentários:

Diego Rodrigues disse...

Oi, Amanda;

Discordo de algumas pequenas coisas, particularmente sobre o que disseste sobre o Bin Laden, mas assinaria contigo esse texto.

Parabéns!

Diego Rodrigues disse...

Não entendi algumas coisas também, confesso. As idéias parecem meio desconexas, no meu excessivo cartesianismo mental. Interpreto esse texto como um desabafo teu.

Beijo.

Amanda Martins disse...

De algum modo, sempre é um desabafo, mesmo. Ainda não consigo escrever por escrever. Acho que sim, podem ter algumas coisas desconexas, depois me diz o que é. Beijo!