5.11.09


Sinto que uma história nascerá em mim. Florida. Alegre. Intensa.

Poderia eu só escrever? Apenas pintar e bordar? Apenas dançar e fluir com a música como água que corre entre as veias abertas da terra? Poderia, eu, ser apenas música mansa que balança e acalanta o choro da criança? Poderia eu ser apenas felicidade de cachorro abanando rabo, sorrindo com os olhos encantados. Quem dera pudesse ser apenas "grama verde em dia claro". Quem dera pudesse somente existir. Sem saber o que sou ou que devo ser. Devo? Devo o quê? A quem? Por que nos sentimos tão devedores? Tão culpados? Tão marcados? Esse Cristo pregado eternamente na cruz. Talvez até tenha ajudado a pregá-lo. Mas não hoje, não agora. Porque não enfatizamos Seu nascimento? Sua alegria? Seu perdão, Seu amor? Por que o passado e futuro são tão importantes? Por que essa preocupação extrema? Por que essa loucura toda? Por que criamos um sistema econômico do qual agora somos escravos? Não conseguimos indenpendência. Atingimos a maioridade aos 18 anos, mas ainda vivemos com nossos pais. Anita Malfati já corria o mundo aos dezesseis anos revolucionando com suas obras expressionistas. E eu recém me ensaiava na pintura. Ao mesmo tempo, que compromisso tenho eu de crescer e aparecer? O que é crescer? Ser o que todos querem que eu seja? Ou ser o que eu quero ser? É necessário ousar. Coragem leonina. Construção do ego e da própria identidade. Estou no mundo e não por acaso. Todos estamos aqui e nos encotramos por algum motivo, nos atraímos, ensinamos e aprendemos. Muitos pensamentos vêm à minha mente explosiva. Vulcões em erupção, vendavais, furacões.

Quero dar luz a uma história, quero dar luz à vida. Muitas idéias se passam em minha mente. Vários compromissos. Que me importa se o texto está coeso, não existem regras para o meu pensamento, ele simplesmente vem e não concorda com nada nem ninguém, muitas vezes discorda de mim. Uma hora estou aqui, outra estou lá e assim a imaginação segue numa linha discontínua, sem sentido para quem está de fora. Só faz sentido para seu dono, aliás, que dono? O pensamento faz o que bem entende da gente. Porque é fluxo latente, a lava de um vulcão querendo expandir. Pachamama, destruição-criação. Ar-terra. Preciso aterrar.

Imagem: Salvador Dalí

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